Ninfomaníaca - Nymphomaniac (2013) de Lars Von Trier
- Thiago Beckenkamp
- 9 de jul. de 2015
- 2 min de leitura

Após ser salva por um estranho, Joe (Charlotte Gainsbourg e Stacy Martin interpretando Joe Jovem) uma ninfomaníaca, conta a ele a sua história. Durante a vida toda, Joe teve sua sexualidade mais desenvolvida do que as outras pessoas, e conforme ela foi crescendo, isso foi se tornando mais forte, até que acabou afetando-a de formas irreversíveis.
O filme foi dividido em dois volumes, lançados com um curto espaço de tempo entre o primeiro e o segundo, já que os produtores não concordaram com a vontade do diretor Lars Von Trier de fazer um filme de 5 horas. Porém, apesar de ter sido transformado em dois, eu ainda considero-o um filme só, portanto falarei das duas partes.
Logo na introdução do filme fiquei hipnotizado, as primeiras tomadas são de pura composição fotográfica, com lindas cenas em slow motion. Como sempre, Von Trier não deixa de surpreender, quando ainda no início, a sensação de leveza e tranquilidade é bruscamente interrompida pela música pesada “Führe Mich” da banda alemã de metal “Rammstein”.
A impressão que tenho é que Charlotte Gainsbourg nasceu para atuar em filmes de Von Trier. O modo como ela se encaixa perfeitamente no cenário um tanto perturbador imaginado pelo diretor é simplesmente mágico, assim como foi em “Anticristo”.Shia LaBeouf também está muito bem no papel de “Jerôme”, o jovem que foi o primeiro parceiro sexual de Joe, e que terá um papel importante no decorrer da história.
À primeira vista pode parecer um filme feito com o único intuito de chocar devido as cenas fortes de sexo (algumas bastante explícitas). Mas uma obra de Von Trier nunca é assim tão rasa. Sempre existem muitos aspectos por trás dos filmes polêmicos do diretor. Ele tem o dom de atingir diretamente os cantos mais obscuros da nossa mente, mostrando as vezes, imagens do nosso próprio inconsciente de uma forma que nem todos gostam de ver.
Na segunda parte do filme nos deparamos com personagens desgastados pelas experiências, e uma protagonista tentando desesperadamente lidar com seus impulsos. O modo como a história se desenvolve é tenso e prende o expectador do início ao fim.
Apesar de ser um filme forte, é apresentado de uma forma tocante. Ao longo da história imergimos cada vez mais na mente da personagem, e percebemos a obra como algo muito maior do que aparenta primeiramente, é um filme que está longe de explorar o erotismo. Pelo contrário, ele explora os cantos mais obscuros das fantasias sexuais da personagem, mas nem por um segundo isso aparenta ser de caráter apelativo. É um trabalho que choca, mas que ao mesmo tempo é de extremo bom gosto, e de uma qualidade estética incrível.
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